Sonâmbula

Os dias passam feito cometas
e cada vez mais
prefiro o silêncio das horas
- desenho pálido que se contorna
de frases não ditas
de desejos em pó

quanto mais caminho
mais meus pés preferem dançar
que sem ritmo não há direção
não há sustentação ilusória
pra música da consciência tocar

sigo apesar dos percalços
dos olhos que já me julgaram
do corpo virado de costas
do dedo apontando pra fora
esperando minha dignidade voltar

prefiro ficar no ponto em que estou
sonâmbula dos versos rimados
das cinzas, dos arrependimentos
jamais escrava de um vocabulário
apenas palhaça da simplicidade.

Ana Paula B. Coelho

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