Por enquanto

Ande seus passos contados
cada vez mais cegos
para longe de mim...

Distâncias não medem sintonias
frequências, pensamentos ou corações batendo
e é tão difícil me fazer entender
numa estrada onde os quilômetros pesam menos
que o destino ao qual se pretende chegar

E por enquanto eu não tenho outra mensagem pra você
a não ser: "tenha uma vida de largos sorrisos"

Não quero parecer tão trágica
muito menos mórbida assim
mas os caminhos não são todos ascendentes ou retos
as curvas nos enterram mais do que imaginamos

E te ter de volta em meus braços, eu sei
é só uma questão de tempo...
Por enquanto tenha uma vida de largos e sinceros sorrisos.

Ana Paula B. Coelho

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Desordem dos versos

Se aprendo a lidar com meus erros
os mesmos se repetem na estrofe
na desordem dos versos

Onde anda você
pra ressaltar meus acertos
converter os meus medos em desertos?

Se há luz no esclarecimento
há também teu veneno 
nos verbos.

Ana Paula B. Coelho

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A próxima hora

Noites de poesia
sempre as mesmas de chuva
de solidão anunciada
sem luas...

Noites de conflito
eternamente indesejadas
às vezes me chegam rasgadas
quase nuas...

Que o vento me leve os pensamentos pra longe
tão longe que nem mesmo Morfeu os alcance
onde eu descanse esse peso do hoje no nada 
no abstrato que se tornou a próxima hora.

Ana Paula B. Coelho

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Instante

Minha felicidade ficou 
no instante de um momento perfeito
que, de tão único, se tornou rarefeito e beijou o infinito.

Ana Paula B. Coelho

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O medo

Vejo que a poesia está partindo
deixando o corpo onde fez morada
o coração onde começou sua estrada

Jamais tive o medo que tenho hoje
de cicatrizar depois de um sorriso 
com isso me sentir menos morta

Nenhum grito cantará tal decepção!

Depois das palavras escondidas
das histórias fracassadas
apagadas da memória.

Ana Paula B. Coelho

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Poema em movimento

Talvez perfeito seja viver de lembranças
breves que se dissipam e se refazem
feito nuvens ao sabor dos ventos

Me parece tão lento esse passar de horas
esse veneno que me impregna os dedos
feito dilema - poema em movimento...

Eu ainda desejo outro entardecer violento
desses que não me permite pressentir a noite
que embriaga, me apaga antes da lua germinar.

Ana Paula B. Coelho 

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Dilemas

Das horas
quero a incapacidade
de detê-las...

Que venha o futuro 
tomado de rejeição - inverno 
que minha tarde ressente

Dos poemas
quero a desilusão
dos versos: dilemas...

Que venha a inspiração
feito sangue - o corte
que meu pulso pressente.

Ana Paula B. Coelho

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Interminável espera

Meu canto é triste, vem de longe
vem de terras estrangeiras
de aquém e além mar

carrega um pouco de Florbela
traduz nos versos suas mazelas
transcende o céu em noites de luar

é um canto empírico, eu lírico a rimar
explode em becos, alarga esquinas
calçada: espelho em chuva fina
tem tanta história pra contar

meu canto é pássaro, voo invertido
é dor, é grito atrás do horror de eras
circunda eclipse - interminável espera
inflama e arde um só clamor no coração.

Ana Paula B. Coelho

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Paredes

Quando a solidão não passa de paredes
minha dor precisa de um papel
ou de um hotel que seja...

Eu tomo meu vinho barato
e então adivinho o que me espera:
a eternidade da noite, o luar e as estrelas

Tantas perguntas voando atrás das respostas
e as únicas asas que ganham brancas nuvens
estão no anjo mais distante que me dilacera
o peito, o leito... Essa sufocante atmosfera.

Ana Paula B. Coelho

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Ainda que leve

Se escapar dos meus lábios um adeus
reconsidere, espere um arrependimento meu
ainda que leve uma hora, um dia, um verso na poesia.

Ana Paula B. Coelho

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Clube dos idiotas

Amanhece e...

Fora de mim iluminam-se as fendas da cortina
me lembram as retinas de um outro alguém
que esteve aqui, mas que agora está além
do que o meu desejo consegue abraçar

Minha saudade é um solo nas teclas de Brian Crain
cada nota uma estocada em meu peito, um desdém
do destino me arrastando ao abismo dos esquecidos
dos sem amor - clube dos idiotas de coração partido

Eu me compreendo passado, retrato em tom apagado
velho e amargo de suas próprias histórias - memórias
que teimam em ignorar a órbita dos ponteiros atuais...

Mas que minha poesia seja uma máquina do tempo
alento e veneno de palavras que me guiam os pés
de volta pra casa, aqui dentro, na minha alma.

Ana Paula B. Coelho

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