Mesma rua

Um sorriso de lua crescente
e aqui dentro da gente 
a mesma rua.

Ana Paula B. Coelho

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Cortina cristal

Que a saudade me detone os monstros
estilhaçando-lhes os ossos
até chegar ao pó das lembranças
poeira purpurina sobre os vultos
cortina cristal
mágico portal dimensional
atravessando-me as horas

Das janelas abertas
vejo a noite delirante
e o frio beija a chuva
para que não apague o fogo
- esse incêndio de memórias
das velas perfumadas no quarto
(minha maneira de te ter por perto)

E enquanto lá fora é só deserto
em meu peito abro estradas
mapa de cidades perdidas
casas construídas sob pálpebras
pupilas como antenas de TV
captam o que o coração quer ver
ainda que a névoa da realidade
amanheça-me de volta ao caos.

Ana Paula B. Coelho

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Objetivo

Ele era tão objetivo
o objeto nas mãos
e o coração vazio.

Ana Paula B. Coelho

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Papel sépia

Tenho horas de luz apagada
De estradas que o céu batizou
São minutos de vozes aladas
De vagas lembranças sem cor

Tenho horas de breves sonetos
Tercetos que o inverso vingou
São rimas dispersas ao vento
Inverno que a escrita esfriou

E assim vão-se embora os dias
As tardes, as noites sombrias
Papel sépia de tinta e de dor

Esboço que cerceia a vida
Lira lúdica da minha poesia
A hora que o relógio atrasou.

Ana Paula B. Coelho

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Harmonia

E então Deus criou o céu
pra que houvesse harmonia
entre o azul, o lilás e a poesia.

Ana Paula B. Coelho

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Paradiso Perduto

"As coisas mais bonitas do mundo são sombras."

Charles Dickens


Poema inspirado no filme: Grandes Esperanças
versão de 1998 com Ethan Hawke e Gwyneth Paltrow:

No sépia
prevalece o verde
icônico, inexplorado
amplo jardim abandonado
inesquecíveis lembranças

Naquela casa houve um dia
singular felicidade
nas paredes, grande variedade 
de esperanças...
Paradiso Perduto!

Hoje
flores mortas denotam
único cenário amarelo
entristecido ouro velho
insanos corações partidos.

Ana Paula B. Coelho