Do céu azul
faces
esquemas
disfarces
para quem convém...
Brancas nuvens
luas naves
claves de sol.
Ana Paula B. Coelho
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O anzol
Amigo poeta
jamais imponha seus versos...
Faça como o velho pescador
que atira ao rio o anzol e espera
despreocupadamente
a hora do peixe morder a isca.
Ana Paula B. Coelho
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Cântico de caos
E a solidão de mil faces, sempre escolhia a noite para assombrá-la. Mas ultimamente a visitava pela manhã, no final da tarde ou no meio de uma oração. Vinha para desacreditar a esperança, o sorriso que ela sustentava apesar do cântico de caos...
A solidão parecia uma raiz profunda na terra, enquanto ela era só a árvore lutando para que suas folhas respirassem sob a intempérie.
Ana Paula B. Coelho
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Restante
talvez
de tudo que foi dito
no futuro
só nos reste o eco
Ana Paula B. Coelho
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Lanternas do porto
Meu cigarro aceso
início da esteira magnética
flutuante fumaça
fantasma do passado
Meu cigarro acende
um escuro no final do túnel
espectro instigante
teu rosto feito cinzas...
E primeiro eu enxergo teu queixo
depois tua boca, teus olhos
como lanternas do porto
Teu disfarce:
um barco distante à deriva.
Ana Paula B. Coelho
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Pequenos silêncios
São sensações apenas
como estrelas cadentes
que brilham, que passam
sem que muitos as vejam passar
São gotas de orvalho nas folhas
refrescam, perfumam,
mas inevitavelmente amanhece
e o sol as evapora no ar
São pequenos silêncios
tão breves, tão simples
tão óbvios de se interpretar,
mas ninguém se interessa...
E a noite ainda existe
para que os poemas acordem
enquanto as coerências dormem
resistem os tantos objetos que colecionamos.
Ana Paula B. Coelho
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Um beijo
Paixão
São dois
A sós
Profundo
E um beijo acorda o mundo.
Ana Paula B. Coelho
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A merda da paixão
Sendo covarde
jamais se apaixone.
Paixão é uma merda!
É vontade de comer doce
enquanto se está de dieta,
é insônia
precisando acordar às seis da manhã...
Riso que escapa em velório.
Adultério sem culpa.
Ana Paula B. Coelho
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