Ótica periférica

Com papel e caneta na mão num quarto crescente
de uma lua cheia de olhos entrando pela janela
basta escolher-me crua entre quatro paredes
que me vejo sob pétalas de rosas amarelas...

Não é bela, não, esta vida... Não é bela!
é tipo tela de cinema me mostrando só miséria
é solidão caleidoscópica - ótica periférica
não tem métrica nem rima, não flui, não ilumina...

E me arrasta a hora devagar, divagando prazeres perdidos
e é tão memória enquanto o mundo lá fora é esquecido
que não combina com meus versos outrora escritos...

Mas é tão menina a poesia, é só uma menina!
se distrai com os próprios dedos, borra-se de tinta
e com qualquer batida-coração compõe-se menos cinza.

Ana Paula B. Coelho

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