Meu registro

Inconcebível seguir omitindo emoções.
Que a sensibilidade seja meu registro
em cada verso escrito sob inspiração...
De icebergs o mar já está entediado!

Ana Paula B. Coelho

(Clique na foto para ampliar)

Ouro-caminho

Talvez eu só abuse das palavras
para dar asilo aos meus instintos
novo corpo a minha falta de juízo
luz a tanto transpirar de trevas...

Na poesia é que encontro ouro-caminho
árvores e frutos da calçada renascidos
pétala de chuva-flor e de lilás aresta

É preciso mais estrelas no céu da minha boca
ser soneto, ser seresta nas esquinas roucas
é preciso inventar literatura assim à toa.

Ana Paula B. Coelho

(Clique na foto para ampliar)

Nó na língua

Sinto falta do que era ontem
dos minutos antes: entardecer...

Fui alimentando dúvidas, certezas
passando manteiga no pão, na mesa:
a cerveja na mão - tanta indelicadeza

A poesia fluiu como o que inflama
a ferida no coração, a cama - drama
que me faz mulher, homem, criança

Música cantada, rústica, apaixonada
músculo que trava - meu nó na língua
e à míngua se esvai a lua em uni-versos.

Ana Paula B. Coelho

(Clique na foto para ampliar)

O poema apaixonado

Verbos frios que hoje me roubam o céu
com penumbra felicidade minguante
em desolada alma e congelada carne
homogêneo enredo, nervo retesado
ansiedade sem portas pra sumir...

Mais corajoso me estampar toda a vergonha
em outdoors por tuas ruas estreitas de mim
onde cinzas calçadas cimentam chacotas
criptografias, mágica cartola: coração
que antes escrevia em flor pra ti...

E se ainda restam árvores no paraíso dos parques
onde o vento brincou de espalhar folha-miragem
nenhum etílico sopro chega tão forte a consumir
tanto quanto a humilhação de outra vez pedir
e ainda assim ter meu pedido ignorado...

Mas não será em palco de Circo Voador ou teatro
que haverão de ler-me um verso bobo, ajoelhado
sob holofote alvo-luz num soneto Lapa Insônia
o poema apaixonado que bêbado rendeu-se
à intenção de Vinícius - última chama!

Ana Paula B. Coelho

(Clique na foto para ampliar)

Caixinha do mar

"Tento tirar de dentro de mim
esse absurdo valor que te dei
como tiram da concha sua pérola
deixando-a vazia caixinha do mar..."

Ana Paula B. Coelho

(Clique na foto para ampliar)