Surto desnecessário

     Eu só queria te dizer que não foi nada pessoal contra você, pelo contrário, foi contra mim. Não sou mais o tipo de pessoa que se abre ou que se comove com a poeira da expectativa. Não sou mais tão otimista como eu era antes. Já ergui meus muros, fechei minhas portas e janelas. Agora nem sinto mais a fria atmosfera do inverno roubando a esperança das plantas na varanda. Hoje estou tão distante de mim que seria mesmo impossível estar próxima de outra pessoa. Então me perdoe o surto desnecessário. Eu te prometo não mais me deixar envolver com episódios do passado, com as lembranças que agora se manterão somente nas mesas onde se embriagam as cervejas e as fragmentadas conversas, antes da noite terminar.

Ana Paula B. Coelho