Mas se me dou um sorriso no espelho
que seja para amenizar cortes ocultos
cicatrizes num vulto que me assombra
as horas passando deviam animar meu pensamento
mas o entardecer é tão lento que me trava os dedos
ainda que a poesia queira te escrever eternamente
chega a noite trazendo o beijo sutil das estrelas
fases da lua se asemelham a códigos de abismo
aqueles imprevistos que dão ritmo aos poemas
e a saudade é um soneto imperecível ao tempo
meu verso solitário é desespero de náufrago
- reticências e vírgulas tentando respirar.
Ana Paula B. Coelho
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