Ainda frágil

Outra vez aquele esclarecimento inconveniente
e a roda a girar
repetindo os mesmos pontos de partida
o mesmo terminar

em nuances
muda-se a rota, a paisagem
e persigo as mesmas folhas caídas das árvores
norteando labirintos

me alimento das mesmas tardes
sublimes e de segredos dourados
da mesma noite
eterna de sombras de lua

em beijos de vento
ganho rápido as alturas
devoro espaços
transmuto infinitos

e apesar do tanto de passado já vivido
ainda frágil
permaneço presa ao azul desse planeta

meus acertos sobrevivem
demarcam na órbita as horas em que me perco
do meu rosto acrílico
de seu fatal desbotar.

Ana Paula B. Coelho

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