Outra vez meu tempo
traça um rumo de palavras
que quando chegam
não se alinham numa rima
deixei tudo esquecido numa esquina
as horas, as vontades crescentes
os teus olhos ainda ausentes
alheios ao lugar de origem
penso em teus olhos
em teu olhar sem porto
teu coração sem repouso
sem sossego pra ficar
teu relógio arrasta precisos ponteiros
o meu é rústico feito um realejo
desce, sobe, gira a manivela
não escolhe a música que vai tocar...
eu lamento as diferenças que nos distanciam
o receio que gela tuas mãos sombrias
teu descaso de conversas
tuas entrelinhas.
Ana Paula B. Coelho
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