Ao desejo

é sonho de mãos
lábios na pele
dispara o coração
minha febre

são raros os dias de intenção
momentos de sombra leve

submeto ao desejo uma canção 
e as estações começam a girar
inverno, primavera, verão
e o outono tão breve

Ana Paula B. Coelho

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Cereja

queria palavras rimadas
do céu da minha boca
estrelas desperdiçadas

descontos de motel
histórias reinventadas
cereja pra te conquistar

ruas germinadas de bar
batom em pétalas de rosa
um convite pra ficar

Ana Paula B. Coelho

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Poesia de aceno

são canções de viagem
teus olhos a me escapar

minutos centrífugos no relógio
meus pés descalços a dançar

violetas nas pontas dos dedos
fogo de artérias a me queimar 

entre trilhas vão minhas letras
poesia de aceno - trem a passar

teu sorriso - asa de borboleta
faz meu poema voar

Ana Paula B. Coelho

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Onde está?

Penso que a poesia está na boa vontade
Tem dias que cisma de vir
À noite já vai tarde
A poesia é tempestade dentro de si

Ora é estrangeira
Ora de casa
Não tem orgulho
Não tem vaidade

Morre beira de abismo
Renasce liberdade.

Ana Paula B. Coelho

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Margens do insensato

não encontrou saída
a resposta indignada
dormente na garganta
de engolir noites inteiras

ora sonha ora desperta
vira peixe vira ave
lambe aquários
habita lápides

não sai da intenção
das margens do insensato
dispara o coração
sangra intervalos

Ana Paula B. Coelho

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Por saudade

A solidão veio reconhecer-me
Atenta
Das sombras me espreitou
Por meses 
Me beijou os movimentos
Como o vento
Soprando fins de tardes...

Ela voltou pela saudade.

Ana Paula B. Coelho

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Um caminho

Talvez fosse o que me faltava
o fim da busca atormentada
que me atravessou por décadas

Nos teus olhos o porto inesperado
um abraço apertado sob medida
de estrelas o sorriso iluminado

E os anos ficaram mais curtos
a batalha menos desperdiçada
um caminho no lugar do absurdo.

Ana Paula B. Coelho

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De peito aberto

Cante
que tua reserva de poesia
se esgotou

lança-te
de peito aberto feito criança
no abismo

quem sabe surge uma esperança

ou mais poeira no caminho.

Ana Paula B. Coelho

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