Coelho mágico

como num parque de diversões
na roda gigante de nossas vidas
ora por baixo
ora por cima
assim vamos rodando...

o vento soprando bons momentos
em meus olhos os que já se foram
nos teus talvez os que ainda estão por vir
mas isso realmente muda alguma coisa?

refazendo nossos planos
aparando as velhas arestas
devolveremos luz a noite do caminho?

se houvesse um coelho mágico
pronto pra sair da cartola
quando os erros se repetissem
e os sonhos esmorecessem
saberíamos em qual espetáculo procurá-lo?

se de fato existe uma rotina intimidante
um muro erguido para dividir as sombras
então por que também existe o teu sorriso?

teus lábios de faz de conta
de fundo e de beira de rio
de luar e estrela cadente
que me recicla as folhas da esperança
que faz o mesmo Adeus perder os versos e a rima...

queria emprestado uma canção atemporal
que me falasse das soluções tangíveis
do amor depois das projeções românticas
da eternidade nos sentimentos adormecidos

Ana Paula B. Coelho

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O inverno das cores

O insensato das dores
no amarelo está
farelo meus versos
com caramelo
o inverno das cores
e minha mão no teu beijo
onde andará?

Ana Paula B. Coelho

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Noite norte

Finda 
noite linda

noite norte
norteia a fonte

itálica
maiúscula na fronte

Ana Paula B. Coelho

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Movimento

Ventos sopram
em estado de espírito
palavras que se transportam
meu livre arbítrio

Ana Paula B. Coelho

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Espuma flutuante

feito onda em noite quente de luar
veio a palavra
espuma flutuante
gozando na areia
traiu o mar

Ana Paula B. Coelho

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Balada da nicotina

e o cigarro toca aos pulmões
a balada da nicotina
esperando num dia a morte
ou a rima

Ana Paula B. Coelho

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O que se pede

coração pede poema
o corpo um esquema
pro verso rimar

Ana Paula B. Coelho

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Prozac

É fiel aos meus lábios
de mel
essa prosa
prozac
teu fel que me goza

Ana Paula B. Coelho

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Mais cor


"I see your true colors
And that's why I love you
So don't be afraid to let them show
Your true colors
True colors are beautiful
Like a rainbow"

Cyndi Lauper


Os mergulhos mais profundos são sempre invisíveis

Sem plateia o palco não precisaria de holofotes

Um pouco mais de cor
para que melhor me vejam 
assim disfarçada do que nunca fui

Sombra, batom, penteado nos cabelos
e ao teu desejo esse pesar insano 
de ser bem melhor do que se pode ser.

Ana Paula B. Coelho


Palco das cifras

palavras esfriam
ainda sob um sol de verão

e muitos dirão que é só cisma minha
mas a experiência me mostra a previsão

é fácil calar um coração
ainda tocando no palco das cifras

difícil é retomar a distração
que o empurra adiante

Ana Paula B. Coelho

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Bloco de notas

por vezes ainda me dá um branco
no branco do meu bloco de notas

feito motor que pega no solavanco
rima que enguiça no final da estrada

mas a palavra ainda me acha
no auge da minha procura

é um laço na minha escapada
um barco que jamais afunda

Ana Paula B. Coelho

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Palavras presas

por vezes a poesia não chega
a inspiração não rasga
ainda que haja suficiente aspereza
nas palavras presas ainda
na garganta seca ainda
nas atitudes covardes ainda

Ana Paula B. Coelho

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Beatbox

"Deus é um alfaiate que costurou minha dor"

50 cent



existe um grito criptografado 
na batida do hip hop
que só os inconformados entendem
e alguns poetas traduzem
quando lhes falta suficiente leveza 
para dourar a pílula das palavras

Ana Paula B. Coelho

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Rap (em inglês, também conhecido como emceeing) é um discurso rítmico com rimas e poesias, que surgiu no final do século XX entre as comunidades negras dos Estados Unidos. É um dos cinco pilares fundamentais da cultura hip hop, de modo que se chame metonimicamente (e de forma imprecisa) hip hop.
Hip hop é um gênero musical, com uma subcultura iniciada durante a década de 1970, nas áreas centrais de comunidades jamaicanas, latinas e afro-americanas da cidade de Nova Iorque. Pode ser interpretado a capella bem como com um som musical de fundo, chamado beatbox. Os cantores de rap são conhecidos como rappers ou MCs - abreviatura para mestre de cerimônias.

Fonte: Wikipédia

Opostas direções

É maratona de filmes
Madrugada adentro
Fora de cena
Fora do quarto
Minutos
Sentenças
Um caminho que quero adiar

Lembranças que não mais superam intenções
Pequenas vinganças
Olhos em opostas direções
Um fiasco
Um barco naufragado
Ausência de aromas
E o toque que queimava

Ah! O toque...
Perdeu-se na contramão.

Ana Paula B. Coelho

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Ideias na contramão

não importa o quão nublado está o céu
algumas manhãs são irrecuperáveis
desmoronam castelos
queimam ossos
amarelam cenários ainda vivos nas molduras

não importa a situação perfeita e favorável
alguns futuros repetem o passado
dirigem ideias na contramão
separam corpos
aumentam a fila da desilusão

Ana Paula B. Coelho

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Sentimento vivo

Encontre o meu amor fora da rotina
no cheiro de chuva, nas notas que rimam
nas canções que fazem os sorrisos florescerem

encontre o meu amor no vento que assobia
a chegada de um novo poema - estrada sinuosa
minhas palavras na longa jornada que nos distancia

e creia, chegará o dia em que o sentirás sem argumentos
sem elementos, sem símbolos que te joguem ocultas pistas
saberás do sentimento vivo só pela fé e não por sua doutrina.

Ana Paula B. Coelho

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Propaganda

só me deram algumas ruas
então trabalhei com o que tinha:
calçadas, asfalto, figuras distorcidas
pedestres errantes nos sinais fechados
corações camuflados pela última ferida

Ana Paula B. Coelho

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Vert

ainda conheço tão pouco do que ela precisa
mas sei que não pode ser nada menos que as estrelas
sempre escuto essa necessidade no eco de seu riso
pressinto na luminosidade dos olhos - mesmo longe do paraíso

ela sustenta uma esperança além da superfície
um verde que seus pais por vezes julgaram irrelevante
talvez por estar imóvel sob os laços do invisível
por pesar num arrependimento, num nó de acrílico

Ana Paula B. Coelho

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Dia de glória

Na pretensão de ser digna de tuas lembranças
feito criança, ter um machucado no joelho pra chorar
e te chamar a atenção, e ter esperanças
de que um dia, do passado, ainda possas voltar
pra me contar uma outra história
- meu dia de glória ao te encontrar
e mudar o meu destino, editar minhas memórias
ser desse enredo a minha escola, meu púlpito
minha igreja, meu último patamar.

Ana Paula B. Coelho

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Por um instante

Tenta, por mim, adoçar tua boca
ao dizer-me palavras sinceras
de efeito sonoro cortante...

que teu repertório seja mel 
e não um dicionário de adagas
- que seja amor por um instante.

Ana Paula B. Coelho

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Detalhes miúdos

"Sou dos que acreditam que a felicidade é possível, 
que o amor é possível, que não existe só desencontro e traição, 
mas ternura, amizade, compaixão, ética e delicadeza." 

Lya Luft


Te procuro nos mínimos e ocultos detalhes
que somente instintos apaixonados percebem
são detalhes miúdos, quase imperceptíveis...

Como o cheiro de orvalho numa praça sobrevivendo na cidade
- a poluição e agitação até podem confundir minha percepção
mas sendo amante da saudade te encontro em tais sutilezas

Te encontro também nas certezas que teu coração me canta
e se traduz ainda no barulho de chuva sobre os céticos telhados
nos poemas camuflados de flores, de folhas amareladas
vencendo o tempo, as inevitáveis adversidades.

Ana Paula B. Coelho

Divino Café - Paraty RJ

Ainda

Sobreviver ao dia...
Não de hoje ou de amanhã
mas ao de ontem

Onde tudo é espaço-tempo
onde o mundo é ainda tão pequeno
pra esse instante de nós dois.

Ana Paula B. Coelho

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Instante absurdo

Antes de desistir, encontre um bom lugar pra se esconder. Se a luz do mundo no momento só te cega, fique em silêncio por um tempo no escuro. Olhe apenas para dentro. Revisando o passado. Otimizando o futuro. O presente é transformável, então não o trate como um instante absurdo. Respire fundo o oxigênio dos pulmões, depois liberte-se reciclando tudo que estava impuro. Passado o período de hibernação, estale os ossos, saia da toca. Sorria por um minuto. Veja que se antes tinhas asas, agora tens também lança e escudo. 

Ana Paula B. Coelho

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Certos dias

Tem dias que é impossível harmonizar as palavras. 
É como se as letras estranhassem os versos 
os versos as rimas e as rimas o ritmo.

Tem dias que o sol não grita da janela 
o entardecer se desespera e o luar 
se recusa a cintilar...

Tem dias que só dá vontade de calar.

Ana Paula B. Coelho

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Voo do invisível

"Que seja cumplicidade,
porque a vida já é difícil sem afetos."

Lya Luft


Suportando dias nublados
somos asas
no voo do invisível

na cama
nosso ninho de passarinho

teço sonhos
traço rumos
de carinho.

Ana Paula B. Coelho

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Minutos infinitos

Dia após dia
o entardecer sempre será.

Todo ao sol ou escondido em céu nublado
com certeza é incomparável por minutos infinitos...

Só depende de onde estamos para contemplá-lo:
dentro de uma caixa ou fora dela.

Ana Paula B. Coelho

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Ao desejo

é sonho de mãos
lábios na pele
dispara o coração
minha febre

são raros os dias de intenção
momentos de sombra leve

submeto ao desejo uma canção 
e as estações começam a girar
inverno, primavera, verão
e o outono tão breve

Ana Paula B. Coelho

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Cereja

queria palavras rimadas
do céu da minha boca
estrelas desperdiçadas

descontos de motel
histórias reinventadas
cereja pra te conquistar

ruas germinadas de bar
batom em pétalas de rosa
um convite pra ficar

Ana Paula B. Coelho

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Poesia de aceno

são canções de viagem
teus olhos a me escapar

minutos centrífugos no relógio
meus pés descalços a dançar

violetas nas pontas dos dedos
fogo de artérias a me queimar 

entre trilhas vão minhas letras
poesia de aceno - trem a passar

teu sorriso - asa de borboleta
faz meu poema voar

Ana Paula B. Coelho

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Onde está?

Penso que a poesia está na boa vontade
Tem dias que cisma de vir
À noite já vai tarde
A poesia é tempestade dentro de si

Ora é estrangeira
Ora de casa
Não tem orgulho
Não tem vaidade

Morre beira de abismo
Renasce liberdade.

Ana Paula B. Coelho

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Margens do insensato

não encontrou saída
a resposta indignada
dormente na garganta
de engolir noites inteiras

ora sonha ora desperta
vira peixe vira ave
lambe aquários
habita lápides

não sai da intenção
das margens do insensato
dispara o coração
sangra intervalos

Ana Paula B. Coelho

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Por saudade

A solidão veio reconhecer-me
Atenta
Das sombras me espreitou
Por meses 
Me beijou os movimentos
Como o vento
Soprando fins de tardes...

Ela voltou pela saudade.

Ana Paula B. Coelho

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Um caminho

Talvez fosse o que me faltava
o fim da busca atormentada
que me atravessou por décadas

Nos teus olhos o porto inesperado
um abraço apertado sob medida
de estrelas o sorriso iluminado

E os anos ficaram mais curtos
a batalha menos desperdiçada
um caminho no lugar do absurdo.

Ana Paula B. Coelho

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De peito aberto

Cante
que tua reserva de poesia
se esgotou

lança-te
de peito aberto feito criança
no abismo

quem sabe surge uma esperança

ou mais poeira no caminho.

Ana Paula B. Coelho

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Espiral

A noite vibra loucuras:

Um vinho
Cigarros
Varanda
A luz da lua

E nos dedos
O espiral das palavras
Que esperaram sumir o sol
Pra sair, dançar, acontecer

A noite vira tortura
Pra quem não sabe o que escrever.

Ana Paula B. Coelho

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Lugar das palavras

Mas hoje as palavras estão num universo paralelo...

Nas folhas amareladas do diário que perdi
No sim que falhou logo após a pergunta crucial
Nos clifos do morro redesenhando a Irlanda em mim
Nas lágrimas de mar decantando rotinas de pedra e de sal
No sorriso gigante em meu rosto rodando parques de diversão.

Ana Paula B. Coelho

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A mesma música... Porque não pode ser outra...

Temporário

sabe-se mais do tempo
nos beijos que não trocamos
nos corpos que não tocamos
nas lamentações dos poemas

Ana Paula B. Coelho

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Amiga Poesia

Em dezembro veio a poesia
cheia de sorriso e alegria
desejar Feliz Aniversário

Veio também pra dizer
que seu maior orgulho é saber
o quanto tenho me esforçado.

Ana Paula B. Coelho

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Inacabado

poema de rascunho
de verso inacabado
perde-se no tempo
no próprio resultado

Ana Paula B. Coelho

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Compromisso

Infinito 
é o casamento das palavras

passam anos trocando flores 
beijos, alianças

promessas de fidelidade.

Ana Paula B. Coelho

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O ouro

A sinceridade da tua ausência me acordou...

Abri a janela do quarto 
querendo o sol do amor recíproco
o ouro do carinho implícito
nas digitais que afagam
corpo, alma
futuros incertos.

Ana Paula B. Coelho

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Sistema circulatório

O coração sente na pele

Bate conjecturas
Bombeia texturas

Circula aromas
Átrios e febres.

Ana Paula B. Coelho

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Contexto

Teu estar é lamento
Não te cabe por dentro
O que é fora de mim

Se te viro do avesso
O meu lado é espesso 
Demais pra sentir

Teu veludo se gasta
Os pespontos deslaçam

Sou textura 
Contexto 

Pra ler
Traduzir.

Ana Paula B. Coelho

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Meu exílio

Caiu uma gota de orvalho
no silêncio do meu mundo
tua ausência trouxe tudo
meu exílio a traduzir:

a rosa de pétalas sangrentas
o rastro nos trilhos do submundo
a dor perversa das esquinas
o verso nos olhos do escuro.

Ana Paula B. Coelho

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