"Pela distração, pelas voltas que dei até chegar a você
que sempre esteve tão perto..."
Talvez seja só isso
e a gente buscando por décadas
uma tradução em tela com legendas amarelas
Buscando o longe sempre perto
o óbvio que por medo evitamos
a constelação apagada pelo excesso de luz
a ventania que observamos por trás das vidraças
E que pelo cansaço da constante procura
pela decepção que nos fez deixar de acreditar
nos conformamos
e se conformar é abismo quase irreversível
Mas, por sorte ou por destino
quem sabe ainda por mera distração
esbarramos no que aguardava oportunidade mágica
camuflada de oportunidade casual
E de repente nos vemos no simples
no que sempre pareceu incompleto
que esteve ao alcance o tempo inteiro
torcendo para que não mais poupássemos abraços
Daí passamos a acreditar nas lendas
no choro da criança longe dos pais
no perdão sincero que muda mais a nós mesmos
que a própria pessoa que finalmente perdoamos
E é só isso
sempre foi
o tempo todo.
Ana Paula B. Coelho