Brevidades

Gosto de me repetir no que me é caro
os mesmos versos - meus "quês" de afago
em teu rosto, em tua solidão bem disfarçada...

Penso em escrever-te eternamente
mesmo que num plano mais distante
mesmo que aqui dentro da minha mente
seja apenas coração embriagado de detalhes

Minhas palavras serão como estrelas cadentes 
sombras mortas num chão de céu sem luas
ruas sem esquinas, subsolo sem fissuras
retinas escuras - olhos de tempestade

Minha rima não valerá o pão de Pablo Neruda
ou a espuma de sal das ondas contra os rochedos
não caberá nem mesmo no pior de todos os enredos
ou na balada romântica do "não" cantando teus medos

Hei de escrever-te lamentos e brevidades
ainda que num grito torturado de saudades
ainda que por dentro do labirinto de um poema
seja também minha oração abençoada de vontades.

Ana Paula B. Coelho

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