Mórbido silêncio

Não é deserta a estrada ao seu redor
e nem só de pedras se mostra o vão caminho
mas de rosas sem espinhos - contramão entediada...

O observo em seus movimentos lentos, atrozes
mórbido silêncio às vozes que não quiseram calar
que insensibilizaram a dor no contraditório da noite
roubando-lhe dos olhos o crepúsculo, a lua e as estrelas.

Ana Paula B. Coelho

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Enredos viáveis

E a noite é um risco que todo poeta corre
de navegar na imensidão de seus versos
que fluem talvez do luar e das estrelas
de um céu descoberto de metades...

A noite é o vício de todo poeta lírico
inspirando sua lira entre orvalhos
entrelinhas entre rimas/acordes
que acordam distantes sonares

A noite é prelúdio de todo poema
que inicia sua cena diante dos mares
ou debaixo do sereno, pequeno detalhe
enredos viáveis aos que não se contentam.

Ana Paula B. Coelho

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Um idílio

Sobre ontem à noite
bastaria uma palavra
pra repetir em rimas
nos versos do poema

Uma cena retradada
um beijo recebido
sonho retribuído
em secreto...

Nas poucas horas 
é que se sabe dos desejos
do esmo que o abraço proporciona

Um idílio que tentamos disfarçar:
o pedido que não se revela
uma tela a se esboçar.

Ana Paula B. Coelho

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Em disparada

E ainda vou caminhando
que cada folha caída de uma árvore
é contentamento, plenitude...

Não existe palavra ou verso que justifique
a solidão - essa contramão já contornada
que me bate no coração... em disparada.

Ana Paula B. Coelho

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Saídas

Bem mais fácil voar
a rastejar nesse abismo-dilema...

Se acendo um cigarro, enveneno um poema
com rimas tortas de versos mórbidos
e do céu caem anjos mais tristes...
Mas que coração resiste ao que inventa?

Se traço no ar meu esquema - saídas
tua porta e janelas abertas de pássaros: vida!
quando verdades são carcinomas gulosos
ávidos por meus suspiros de último dia...

Conceda-me a dança, me lança teus dardos
sou alvo enganado esperando mortal pontaria.

Ana Paula B. Coelho

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Ainda me guardo

Na insistência que brilham as estrelas
não mais existindo no mesmo lugar
e intermitência das ondas do mar
que vão pra eternamente voltar

eu te amo 
e ainda me guardo
eu te espero pra recomeçar.

Ana Paula B. Coelho

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O que a noite traz

A noite traz estrelas aos nossos olhos
um perfume de mar a tua pele
e luar aos meus cabelos.

A noite traz desejos...
Teus beijos aos meus lábios
sonhos de amor aos meus poemas.

Ana Paula B. Coelho

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O que me faz chorar

Vem do mar esse canto triste
profundo que insiste em me naufragar

Vem do mar a saudade que nunca descansa
minha última dança ainda a te esperar

Vem do mar esse vento que me consome
uma fome de beijo, um desejo de te encontrar

Vem do mar os meus versos de espuma
a bruma em meus olhos, o que me faz chorar.

Ana Paula B. Coelho

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Coberta para dois

Eu então diria ao vento: - leva-me!
não só por lugares distantes, escondidos
mas por momentos que sequer ousei imaginar

Pediria desse jeito porque já é tempo
da lágrima se transformar em vinho
da poesia transmutar-se em cama
coberta para dois - o novo ninho...

Mas se meus versos nunca ascendem
e a realidade é palco em burburinho
Amor não é a peça nem o caminho
que leva a liberdade ao coração.

Ana Paula B. Coelho

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Quebra-cabeça

Cai a noite 
É bela?
Não quanto os teus olhos
Que me desfazem 
Quebra-cabeça
Indecifrável
Até por quem já me refez.

Ana Paula B. Coelho

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