O poema

O poema arde
acende, incendeia

o poema reclama
a cama - uma teia!

o poema vai embora
e chora a desfeita

o poema retorna
de forma refeita.

Ana Paula B. Coelho

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A distância

Como equilibrista de calçadas sujas
me ponho a fugir em noites de chuva
contando estrelas refletidas em poças

não é caro andar assim tão displicente
o preço a se pagar é só esvaziar a mente
e o coração que antes sentia alguma coisa

em meu rosto o vento é mais que uma carícia
em meu olhar a distância faz parte das retinas
e eu quero aproveitá-la em verso, prosa e rimas

e uma música fora de época não sai dos meus ouvidos
um disfarce de sinceridade não me deixa poder perdoar
então aperto rosas e espinhos que trago em minhas mãos...

e, o amor, não me pega mais nas novidades que consome
in roaming não me alcança nem sequer pra handover
prévio, jamais soube o que fazer pra me conectar.

Ana Paula B. Coelho

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Oceano dos verbos

Usarei num cântico
meus versos

Até que se esgotem as rimas
o ritmo e a métrica

Até que o céu brilhe reflexo de estrelas
de luas e centelhas divinas...

Um poema só vale o quanto encanta
se suas palavras excedem o limite poético
e passam a navegar no oceano dos verbos
esses que conjugam instantes vividos.

Ana Paula B. Coelho

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Enquanto

Espera
que o tempo resolve essas questões
mas desacelera o teu ritmo descompensado
enquanto a recompensa não escolhe de que lado ficar.

Ana Paula B. Coelho

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Efeito luar

Ele tem esse quê de paraíso
é tudo que preciso para viajar
por entre as rimas, os ritmos:
acordes que me fazem sonhar...

Com seu sorriso que a tudo apaga 
ele então me abraça pra se desculpar
- efeito luar que me traz os seus olhos
me traz as promessas de um dia ficar.

Ana Paula B. Coelho

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Um calor

Isso não pode desaparecer assim

essas noites que valem uma vida 

o teu jeito que me acende no peito
um calor - fogo de paixão ardente
me incendeia no papel um poema

vira cinzas que viajam até você
destino a te versar meus desejos
minhas preces aos teus beijos.

Ana Paula B. Coelho

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Pedras companheiras

E um "até breve" desfez tantas promessas em meus olhos
esses que outrora ainda orbitavam na retina algum perigo
mas que hoje - perdidos no opaco da minha resignação
não mais encontram abrigo nas platônicas paisagens...

Não é mais solitário o lado de cá do meu abismo.
Meu declínio, por si só, colheu suas pedras companheiras 
- vértice de flores cantadas nas paredes da árida descida
pois quando se está só, qualquer poeira te reanima
e toda semente torna-se nova melodia em velho enredo
torna-se pincel e tinta pra finalizar alguma tela...
Agora minhas pedras são janelas, céu azul e nuvens
a me desenhar outro destino que me espera.

Ana Paula B. Coelho

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Cliffs of Moher

Quando os olhos são trilhas que nos levam à alma
quero estar diante dessa saudade e sob a intenção de Deus
quero estar de frente para essa morte que um dia me locomoveu.

Ana Paula B. Coelho

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