Apelo-serenata

Serei rio constante se atirando ao mar
serei o amar nos versos de poetas antigos
serei uma constelação de queixas no infinito
mas também serei a árvore que abraça o vento

Serei o tempo consumindo segredos escondidos
aqueles que amarelam nas fotos e no coração
mas que jamais perecem, jamais traduzem
jamais se libertam de seus simbolismos...

Eu serei um pensamento que se eterniza conciso
num refrão de música, numa rima, num beijo
nas viagens de avião - nas asas das libélulas
frágeis, mas envolventes como o teu sorriso

Serei o prévio aviso dado aos navegantes
sobre tempestades - tormentas cortantes
também serei alento aos abissais dissabores
serei as orações nos lábios dos que acreditam

Serei o que posso ser, o que poderia ter sido
acaso o destino nos fizesse um ao invés de dois 
serei o que vem depois da longa e fria madrugada
apelo-serenata: véu sobre a intensidade dos epílogos.

Ana Paula B. Coelho 

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