Repaginada

Se crio asas
Há um pouco de cérebro nelas
Diferente das correntes
De pele e hálito
Que me aprisionam ao ninho

Repaginada de abismos
Não posso voar com febre nos ossos
Só com segundas intenções pelo caminho.

Ana Paula B. Coelho

(Clique na foto para ampliar)

Prosa submetida

Em meu olhar perdido num ponto fixo
que nada representa a não ser minhas lembranças
você se aproxima em estado de graça
em prosa submetida ao acaso
é assim que a sintonia flui
equilibrando-se entre o imperfeito e o instante
como nuvem cinza
que se acumula ameaçando chuva
e que permite
não por fraqueza, mas por displicência
que o sol a dissolva e apareça.

Ana Paula B. Coelho

(Clique na foto para ampliar)

Nenhum enigma

Pela última vez
brilharam meus versos
no escuro labirinto das rimas mais cinzas

Descobri que em teu coração
não há nenhum enigma a ser desvendado
apenas uma ironia a ser desmotivada. 

Ana Paula B. Coelho

(Clique na foto para ampliar)

Nuances distintas

O poeta vive de cores

Do azul do céu e dos mares
Do marrom da terra
Do verde das folhas das árvores

O poeta só não vive de cinzas

Desfeitas as nuances distintas
desvanecem os versos, as rimas
e o que sobra é apenas um cigarro.

Ana Paula B. Coelho

(Clique na foto para ampliar)

Dias de silêncio

Em dias de silêncio
falam as águas
as conchas
os peixes

Em dias de silêncio
cantam os ventos
as folhas das árvores
os pássaros

Em dias de silêncio
choram as rimas
os versos
o poema.

Ana Paula B. Coelho

(Clique na foto para ampliar)