Não estou

aqui está o tempo
mas eu não estou agora

peço que vá embora
aproveite bem o momento

me procure numa outra hora
quem sabe me reinvento?

Ana Paula B. Coelho

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Um dos muitos de Antonio

Esse belo Poema é do irmão de um amigo meu. 
Não resisti rs e publiquei aqui no meu blog...



O paraíso 
não me espera,
poeta,
na outra calçada

o tempo
sobre duas rodas
levou o paraíso
a calçada 
e o poeta

o tempo levou
o tempo

Antonio de Oliveira

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Estranha poesia

De poucas palavras 
A poesia se chega 
Se senta ao meu lado
Se finge de silêncio
Como se nunca antes 
Tivéssemos nos abraçado

A poesia é estranha
É livre 
Mas precisa de um coração
Precisa da atenção
De olhos que só enxergam
Fechados.

Ana Paula B. Coelho

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Sem explicação

Poderia se explicar
O amor
Quando me deixa sem chão
A saudade
Quando se esquece de mim
A vaidade
Me tornando esse alguém mais feliz
Apesar dos pesares.

Ana Paula B. Coelho

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Depois de te conhecer

Tarde demais 
As lembranças vieram à tona
Os desejos despertaram do sono letárgico
Das horas que descansaram de tanto o relógio se arrastar

Tarde demais
O verbo se deixou de conjugar
O beijo esqueceu de se doar
E as roupas perderam o cítrico aroma de amaciante

Tarde demais
Teus olhos voltaram a questionar a sombra dos meus
As cúmplices manhãs que jamais compartilhamos juntos
O mar que bebi num tom mais escuro de azul 
Depois de te conhecer.

Ana Paula B. Coelho

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Constatação

ame 
e tenha sempre essa preguiça
típica dos amantes

que brigar
sempre foi mais desgastante 
do que perdoar

e se explicar
mais cansativo que sentir

Ana Paula B. Coelho

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Contratempo

Talvez ele queira sim
Se aproximar 
E me ajudar a esquecer
A superar
Mas o quê?
Se boa parte do presente
Tropeçou no passado
E o futuro...
Quem receia de jamais chegar?

Ana Paula B. Coelho

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Sol do teu rosto

E assim 
fui seguindo
sentindo 
o mesmo calor de janeiro
dentro de todos os dias
sempre 
aqui dentro do peito

E sei
que o destino rascunha mil faces 
nos traços perfeitos do caminho
fingindo nos passos
tão fácil é viver sozinho
mas com luar
preciso te ter comigo

Então espere
nas vezes que dos meus olhos
teu foco se distrair
não deixe esse sol do teu rosto
cegar e te confundir
que a noite só chega se vence
a inconsistência da tarde.

Ana Paula B. Coelho

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Maybe yet

Ainda existe inspiração
Resiste
Sob o pó tóxico
Das palavras esquecidas
Dos desolhares
Dos nãos

Ainda existe sensibilidade
Nos nós
Dos fios que produzem sintonia
No chão
Que sustenta a moradia
Que todo coração precisa ser 

Talvez
Só tenha se esgotado um pouco o mar
No azul profundo da poesia
Nos teus gestos
Que desmerecem a demasia
Dos meus.

Ana Paula B. Coelho

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Blue butterfly

a paz 
uma borboleta azul
chega de repente 
vem de graça
te faz sorrir
sonhar
mil contornos no ar
te faz esquecer 
das horas más

Ana Paula B. Coelho

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Time out

Estamos vivos
Sim, ainda estamos vivos
E se isso não é uma dádiva
Então é o nosso maior problema.

Ana Paula B. Coelho

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Lost road

São mais doces as vozes
quando se calam.
A garganta é uma estrada
perdida de curvas
sem placas de sinalização.

Ana Paula B. Coelho

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Orvalho de luz

Queria um amanhã 
garantido no ontem
e não no acaso

Uma hora sem tempo
sem sopro de vento
varrendo o meu coração

Promessa de filme
de enredo mais firme
apontando um final feliz

Sorriso de cores
de lábios em flores
um orvalho de luz.

Ana Paula B. Coelho

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Nosso diálogo

Falamos de bandas 
de música e filmes
passado, futuro
um presente.

De conversas soltas
nosso diálogo 
um quebra-cabeça
sem as peças principais.

Ana Paula B. Coelho

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Repaginada

Se crio asas
Há um pouco de cérebro nelas
Diferente das correntes
De pele e hálito
Que me aprisionam ao ninho

Repaginada de abismos
Não posso voar com febre nos ossos
Só com segundas intenções pelo caminho.

Ana Paula B. Coelho

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Prosa submetida

Em meu olhar perdido num ponto fixo
que nada representa a não ser minhas lembranças
você se aproxima em estado de graça
em prosa submetida ao acaso
é assim que a sintonia flui
equilibrando-se entre o imperfeito e o instante
como nuvem cinza
que se acumula ameaçando chuva
e que permite
não por fraqueza, mas por displicência
que o sol a dissolva e apareça.

Ana Paula B. Coelho

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Nenhum enigma

Pela última vez
brilharam meus versos
no escuro labirinto das rimas mais cinzas

Descobri que em teu coração
não há nenhum enigma a ser desvendado
apenas uma ironia a ser desmotivada. 

Ana Paula B. Coelho

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Nuances distintas

O poeta vive de cores

Do azul do céu e dos mares
Do marrom da terra
Do verde das folhas das árvores

O poeta só não vive de cinzas

Desfeitas as nuances distintas
desvanecem os versos, as rimas
e o que sobra é apenas um cigarro.

Ana Paula B. Coelho

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Dias de silêncio

Em dias de silêncio
falam as águas
as conchas
os peixes

Em dias de silêncio
cantam os ventos
as folhas das árvores
os pássaros

Em dias de silêncio
choram as rimas
os versos
o poema.

Ana Paula B. Coelho

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Coração de superfície

Tu passas
e as palavras sentadas se levantam
sorrindo bom dia
para cada bocejo de meus versos

É um dia menos preguiçoso
começado em ouro
em pão com mortadela e café
em porta virada pras esquinas

Em tuas pernas imprecisas 
sou pedra, degrau
roleta giratória
casca de banana

Sou também proteção
para que não te espalhes
perdendo tuas breves verdades
numa queda

Talvez um dia eu seja oração
para que possas
com teu coração de superfície
amar meus abismos.

Ana Paula B. Coelho

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Resposta

Que todo arrependimento em mim
tenha sempre dois lados:

Um para que jamais cometa 
o mesmo excesso novamente
Outro para que meus versos
nunca percam a intensidade.

Ana Paula B. Coelho

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