Os sulcos

Levantamos muros
E vivemos mudos
Em mundos distantes

O norte e o sul
O dia, a noite
O frio, o calor

E os sulcos

Que marcam nossos rostos
Nos envelhecendo
A cada silêncio mútuo.

Ana Paula B. Coelho

(Clique na foto para ampliar)

Interface

Duas luas
Três estrelas:

Teus olhos
Nariz e orelhas

E no céu da tua boca
Meu universo particular.

Ana Paula B. Coelho

(Clique na foto para ampliar)

Meias verdades

Eu pouco sei
De mim
De nós
Dos nós que desatamos

Eu pouco sei
Das meias
Das veias
Do sangue que não damos

Eu pouco sei
E sinto
Muito.

Ana Paula B. Coelho

(Clique na foto para ampliar)

Tempo no espaço

Pintou de azul
o céu nublado
um sol nascente
tempo no espaço
daquele abraço
siderais desejos
beijos, afagos

e no discurso
choveu estrelas
luas, aromas
tudo misturado
silêncios, retinas
ares rarefeitos
pés entrelaçados.

Ana Paula B. Coelho

(Clique na foto para ampliar)

Giro-caleidoscópio

No bar daquela esquina bebi minhas intenções
as ilusões que desenhei num giro-caleidoscópio
signo de câncer com capricórnio nunca deu tom

E quem disse que no céu estava escrito
entrelinhas entre nuvens ou em sânscrito
que ainda não acertei meu tempo de errar?

Como sorrir chorando a última ressaca
não enxergar uma placa de contramão
aterrissar um avião sem trem de pouso.

Ana Paula B. Coelho

(Clique na foto para ampliar)