Escombros da memória

Tenho momentos guardados em gavetas pra mais tarde.
Descansam tranquilos na hipótese de serem revirados
saboreados ao tempero de afrodisíacas lembranças.

Outros não salvei sequer dos escombros da memória!
Perderam-se num perecer de descasos e maus tratos
- despedaçados foram sujeitados ao NUNCA MAIS.

Ana Paula B. Coelho

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80's 4ever

No fundo no fundo
não preciso de muito:
poesia, cerveja, cigarro
músicas dos anos 80
passos marcados...

No fundo no fundo
meu futuro é tão raro
precisa do passado
para acontecer.

Ana Paula B. Coelho

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Chama inconstante

Ele é como o vento que sopra
e desarruma meus cabelos
cantando, voando longe
meus pensamentos...

quando brisa
me enternece a alma, o coração
se vem como um tufão
me devasta em labirintos os desejos

[arrebata-me o corpo num beijo]

ele é fuga e porto 
de barcos viajantes
- chama inconstante 
o ritmo em meus poemas.

Ana Paula B. Coelho

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Tese incomum

Antes fosse um pescador de emoções
mas suas sensações se resumem no consumar
o que é tão triste, tão distante, tão solitário caminhar...
E o que jamais se sabe é que não é pra qualquer um
é uma tese incomum que só cabe na contramão dos psicopatas.

Ana Paula B. Coelho

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Meio universo

Sorria por mais tempo 
sem saber onde curvam os atalhos

entre a lua e um bom poema
existe meio universo em dissonância

liberdade é desviar meu olhar do teu
depois do que deixamos de tentar.

Ana Paula B. Coelho

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Nesses instantes

Por tanto tempo pereci entre interrogações e reticências
entre experiências que só trilhavam caminhos redundantes 
mas foi justamente nesses instantes de dúvidas intermediárias 
que observei e aprendi a significar diversidades com exclamações.

Ana Paula B. Coelho

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Sabedoria e fragilidade

Ainda sem entender o tempo
vou deixando que ele passe
nunca à margem dos desejos
mas distante das paisagens
que me fazem enlouquecer...

Feito árvore 
prezo minhas raízes, minhas folhas 
que o vento vai soprando indefinidas
e nos frutos colho as esperanças - doces 
embora momentaneamente interrompidas...

Envelheço sabedoria e fragilidade
verso aos pontos fracos a bagagem
que se alguns invernos me severam
sempre as primaveras me refazem!

Ana Paula B. Coelho

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Versos mudos

Ainda anseio ardentemente
pela rima do teu corpo

- raros gestos que são versos mudos
tão frios quanto o inverno num poema
se o calor não viesse do fogo em teu olhar

esse que me faz dizer "sim" sem pensar
me faz rezar por um milagre do amanhã
me faz desejar eternidades impossíveis.

Ana Paula B. Coelho

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Semblantes

Tudo que peço é que o tempo silencie minhas dores 
e que meus temores no futuro encontrem outros atalhos 
nos amigos distantes, nos semblantes mais cálidos.

Ana Paula B. Coelho

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Cenários esquecidos

Falar do Mar
é tudo que preciso para navegar
pela distância próxima que se fez
- última vez ainda a me naufragar... 

Ana Paula B. Coelho

Só me restou o entardecer:
tesouro na imensidão do mar

dói mais a saudade
sem noites claras de luar

meu olhar a procurar
cenários esquecidos

vencidos pelo Hoje
sem caminhos pra voltar...

mas que o poema vença a distância
- abrace a lembrança que chegar.

Ana Paula B. Coelho

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